sexta-feira, 13 de abril de 2012

Portucale: Quercus avança com nova queixa

Em causa está o projeto da Portucale, para a destruição de zonas pertencentes à Reserva Ecológica Nacional.
A Quercus, organização ambientalista, surge, após a absolvição dos 11 arguidos do caso Portucale, com uma nova queixa ao Ministério Público, junto do Tribunal Administrativo de Leiria, para averiguação das responsabilidades penais devido ao avanço da obra com destruição do montado de sobro, avança a agência Lusa.

Em causa, lembra a Quercus, está um loteamento (237 lotes) que não foi submetido a Avaliação de Impacto Ambiental numa vasta área de mais de 500 hectares com povoamento de sobreiros onde existem também terrenos pertencentes à Reserva Ecológica Nacional, em que a construção de acessos e consolidação do loteamento, põem em causa todo o montado e as suas funções ecológicas.

A Quercus recorda ter sido ela a iniciar o processo com uma
Desde 1991 que a Portucale planeia a construção de um empreendimento turístico, na Herdade da Vargem Fresca, com um investimento de 200 milhões de euros num terreno com 509 hectares, o que levou ao à primeira denúncia pública, por parte da Quercus, em março de 2005, associado a uma providência cautelar que foi decretada para impedir a continuação do abate de sobreiros do projeto da Portucale.

Posteriormente, no final de junho de 2007 recorreu com nova providência cautelar para tentar impedir o avanço das obras dos arruamentos do loteamento na Herdade da Vargem Fresca, onde o Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria deferiu parcialmente a providência, mantendo a proteção ao povoamento de sobreiros.

Entretanto, prossegue a Quercus, a Câmara Municipal de Benavente em ata de 5 de Março de 2012, no ponto 16, relativo ao auto de vistoria para receção provisória das obras do loteamento da Portucale detetou: «se ter verificado que havia trabalhos de escavação, terraplanagens e impermeabilização de solos a uma distância inferior a cinco metros de troncos de sobreiros».

O avanço das obras pela Portucale, a menos de 5 metros dos sobreiros, é uma clara violação da Sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria de 21 de Dezembro 2007, configurando crime de desobediência.

Segundo a Quercus, a execução das obras das infraestruturas do loteamento destruiu já parte do povoamento de sobreiros, com abate do arvoredo e mobilizações profundas que mutilaram as raízes dos sobreiros, provocando a degradação do seu estado fitossanitário.

Face a esta situação alarmante, a Quercus exige inspeção ao avanço do projeto da Portucale e recorre novamente à Justiça.

No final do último Governo de Cavaco Silva, em 1995, o pedido para o abate de sobreiros chegou a ser autorizado, mas foi revogado logo a seguir pelo ministro da Agricultura Gomes da Silva.

Em 2005, já com o Governo demissionário, os Ministros da Agricultura, Costa Neves, Ambiente, Nobre Guedes e do Turismo, Telmo Correia, emitiram o despacho conjunto (204/2005) de 8 de março reconhecendo a imprescindível utilidade pública a este loteamento privado, viabilizando o abate de 2605 sobreiros.

À data, a Quercus promoveu a intervenção junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, que impediu que o abate de centenas de sobreiros prosseguisse, dando início aos processos relacionados com o empreendimento.

Quando o Governo seguinte (PS) tomou posse, revogou o despacho conjunto do Governo PSD/CDS, através do despacho conjunto (309/2005) publicado a 19 de abril de 2005 e proibiu o abate de sobreiros na Herdade da Vargem Fresca, a partir daquela data.

http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/portucale-arguidos-quercus-herdade-justica-tvi24/1340601-4071.html

Bruno M. Santos Almeida
n.º 17614

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